Aquicultura Tradicional
Consiste basicamente em manter os organismos cultivados em uma área restrita onde é oferecido alimento em quantidade necessária para a manutenção de uma boa taxa de crescimento.
A remoção dos sólidos e compostos nitrogenados tóxicos provenientes do alimento não consumido, fezes e outras fontes, é realizada através de constantes trocas de água nos viveiros e raceways.
E, também, no caso dos tanques-rede, dispersando diretamente no ambiente em que estão instalados.
Essa metodologia possui várias limitações e entraves como, por exemplo:
• Dependência constante de água de boa qualidade;
• Pouca ou nenhuma possibilidade de manter parâmetros como temperatura, pH e salinidade diferentes da fonte de captação;
• Dependência de fatores climáticos;
• Risco da captação de água proveniente de efluentes de outras propriedades;
• Entrada de organismos parasitas, patógenos, predadores ou competidores junto com a água bombeada
• Risco de dispersão de efluentes fora dos padrões ambientais exigidos;
• Introdução de espécies exóticas cultivadas, entre outros.
Aquicultura em Sistema de Recirculação (RAS)
É o método de produção onde a água do sistema de criação é continuamente tratada e reutilizada.
A utilização de RAS permite, então, uma produção com o reuso total ou parcial da água, diminuindo drasticamente a quantidade de água utilizada em um ciclo produtivo. E, abre um oceano de possibilidades antes limitado pela dependência das trocas de água.
Portanto, o que ocorre em um RAS, é a inclusão de processos que sanam as necessidades que obrigam o sistema tradicional a realizar uma troca de água.
Nesse sentido, estes processos são, de forma simplificada, divididos em três etapas:
- A filtração mecânica, onde é realizada a remoção dos sólidos;
- A filtração biológica onde a amônia (NH3) e o nitrito (NO2) são oxidados por bactérias em nitrato (NO3), composição menos tóxica dos nitrogenados;
- E por último, a troca gasosa, fazendo a remoção do CO2 proveniente da respiração dos organismos e inserindo novamente O2.
Os sólidos removidos do RAS então, podem ser aproveitados como fertilizantes agrícolas ou produção de biogás.
Cada um dos processos realizados devem ser adequados levando em consideração:
– A espécie produzida,
– A etapa (ex: reprodução, larvicultura ou engorda),
– A estratégia de produção,
– A densidade de estocagem,
– O alimento utilizado
– O local de instalação.
Sendo assim, a utilização desses processos permite a produção de pescados em regiões com pouca disponibilidade de água, dão segurança a produção de espécies exóticas, ou com exigências diferentes da região de produção.
RAS no Brasil
Há uma projeção mundial para as próximas décadas de grande aumento da produção de pescados através de RAS, porém, no Brasil, esse processo deverá ser aplicado mais lentamente.
Isso, porque, há dificuldade de competir com os custos de implementação e operação dos modelos tradicionais.
Na atualidade Brasileira, o RAS é mais facilmente empregado na resolução de processos específicos , tais como: na quarentena de animais novos; reprodução e larvicultura de peixes durante os meses mais frios; na depuração de moluscos bivalves; na produção de espécies de alto valor agregado em áreas urbanas / aquaponia e nos laboratórios de pesquisa científica.
Sendo assim, à medida em que a aquicultura se torna um processo mais industrializado, competitivo e padronizado, a produção em sistemas fechados e com Recirculação de Água será mais difundida e empregada.